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sábado 11 de janeiro de 2020 às 06:19h

Aliança entre Crivella e Bolsonaro fica distante, diz revista

POLÍTICA


O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), está cada vez mais longe de realizar o grande sonho: ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à reeleição. Nos bastidores, Crivella reclama de sua coordenação de pré-campanha, responsável pela fracassada estratégia de conseguir concretizar a dobradinha. Em meio à crise financeira do município, ele buscava aproximação com os Bolsonaro.

Em troca da aliança, Crivella abriu espaço no primeiro escalão do governo à família do presidente. O senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) foi consultado antes da nomeação do ex-árbitro de futebol Gutemberg Fonseca como secretário de Ordem Pública, um aliado do parlamentar. No entanto, Flávio não bateu o martelo para qualquer acordo. A vaga de vice na chapa de Crivella também estava na mesa de negociações para o clã bolsonarista.

Além disso, Crivella fez pelo menos outros três importantes movimentos para agradar Jair Bolsonaro. Primeiro: viajou a Brasília e ofereceu ao presidente toda a estrutura da Igreja Universal do Reino de Deus, chefiada pelo tio Edir Macedo e da qual é bispo licenciado, para ajudar na coleta de assinaturas à criação do novo partido do presidente, o Aliança pelo Brasil. Segundo: prestou solidariedade pública, em vídeo gravado nas redes sociais, a Flávio Bolsonaro, investigado pelo Ministério Público no caso Queiroz. Terceiro: adotou o projeto escola cívico-militar, menina dos olhos do governo federal.

Mas as ações de Crivella não surtiram o efeito esperado. Apesar de liberar dinheiro federal para ajudar na crise da Saúde, Bolsonaro sequer defendeu a administração municipal. Em dezembro, ao ser questionado por jornalistas, o presidente desconversou sobre eleições. “Eu não vou dizer quem vou apoiar, quem não vou, eu tô livre agora, tô solteiro, você quer que eu case com alguém agora? Não vou casar. Gosto do Crivella, me dou bem com ele, (mas) a população é quem vai decidir quem vai ser o futuro prefeito”, disse o presidente.

A operação para atrair os Bolsonaro teve o dedo de Rodrigo Bethlem, uma espécie de coordenador da pré-campanha de Crivella. Ex-deputado federal, Bethlem trabalhou na mesma Secretaria de Ordem Pública na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). Em 2017, foi alvo da Operação Ponto Final, um dos braços da Lava Jato no Rio. Ele, aliás, já havia sido investigado por suspeita de desviar dinheiro por meio de ONGs após denúncia feita pela ex-mulher. Bethlem sempre negou irregularidades.

O intenção em juntar Crivella e Bolsonaro num mesmo palanque estremeceu a relação do prefeito com Rodrigo Bethlem. Pessoas ouvidas por VEJA, aliadas de Crivella, afirmaram que ele “comprou a ideia” do marqueteiro político em ceder a secretaria de Ordem Pública com a esperança de apoio. “Crivella acha que caiu no conto do vigário, que comprou gato por lebre”, revelou um aliado.

A crise na Saúde municipal também abalou a relação de Crivella com Bethlem. O ex-deputado articulou para tirar a secretária Ana Beatriz Busch do comando da pasta. O prefeito, porém, não atendeu ao pedido. Procurado por VEJA, Bethlem não retornou o contato. A assessoria de imprensa de Crivella enviou a seguinte nota: “As devidas considerações da prefeitura seguirão pelas redes sociais depois da matéria ser publicada, uma vez que o repórter se limitou a mandar especulações por e-email, prova clara de que o texto já estava pronto e foi encomendado politicamente”.

Pesquisa não animou clã presidencial

Fato é que Jair Bolsonaro ainda não sinalizou apoio a nenhum pré-candidato a prefeito do Rio. Ainda não se sabe se o presidente pedirá votos para alguém. Na balança, está o risco de o indicado perder nas urnas justamente em sua base eleitoral para um adversário do campo da esquerda ou apadrinhado pelo governador Wilson Witzel (PSC), um inimigo político. Segundo a última pesquisa Datafolha, Crivella tem apenas 8%. Está atrás de Paes, com 22%, líder isolado, e do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), com 18%.

O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) corre por fora para ser o escolhido por Bolsonaro. Polêmico, o parlamentar, que usa a tribuna para defender o governo, quer encontrar uma saída para deixar o partido de Witzel sem perder o mandato.

Em 2018, então vereador, Otoni de Paula foi o único a votar contra a intenção dos parlamentares em batizar a tribuna da Câmara do Rio com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL). Durante uma sessão que discutia o impeachment de Crivella, ele fez a chamada “dancinha homofóbica” em direção ao manifestantes favoráveis ao afastamento do prefeito, além de dar uma “banana” para o público.

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