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sábado 24 de outubro de 2020 às 10:41h

As dificuldades da esquerda em 2020

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As pequisas têm mostrado que, ao fim do segundo turno de 2020, há chances concretas de a esquerda ser eleita para administrar no máximo um terço das capitais brasileiras. Embora ainda estejamos a algumas semanas do primeiro turno e as eleições sejam naturalmente dinâmicas, atualmente oito figuram no primeiro ou no segundo lugar em suas cidades. Há candidatos com chances ainda concretas, de Guilherme Boulos, do PSOL de São Paulo, ou Martha Rocha, do PDT do Rio de Janeiro, por exemplo, estarem no segundo turno. Seriam reviravoltas num quadro em que hoje prevalece nacionalmente a disputa entre direita e centro. As siglas de esquerda têm tido dificuldade para encontrar posição neste ano, o que, consequentemente, deve criar embaraços ainda maiores para 2022, para além da corrida presidencial.

Atualmente, segundo reportagem da revista Época, figuram em primeiro ou segundo lugar só oito candidatos da esquerda.

O Ibope aponta que Edvaldo Nogueira, do PDT, está em primeiro lugar em Aracaju; Edmilson Rodrigues (PSOL) também aparece em primeiro em Belém; Assim como Capi (PSB), em Macapá e Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre. Em segundo lugar, o instituto identificou JHC (PSB), em Maceió; João Coser (PT), em Vitória; e Luizianne Lins (PT), em Fortaleza. O Datafolha mostra dois nomes de esquerda em duelo no Recife: João Campos (PSB) em primeiro lugar e sua prima, a petista Marília Arraes (PT), em segundo.

Os erros do PT, pelos quais a esquerda brasileira toda paga até hoje, ainda são lembrados pelo eleitor. Na entrevista que fiz para a edição passada de ÉPOCA, Márcia Cavallari, CEO do Ibope Inteligência, afirmou ainda identificar nas pesquisas uma mágoa do eleitor, especialmente contra o PT. Os partidos que associaram suas imagens à de Lula, a exemplo do PCdoB e do PSOL, certamente pagarão fatias dessa fatura, mas outras siglas que não estão com o PT há mais tempo — PDT e PSB, por exemplo — também são prejudicadas. A falta de autocrítica por parte de Lula e do PT dificulta tudo. O eleitor que não vota sempre no PT não percebe legitimidade para um petista, por exemplo, criticar a corrupção de um adversário ou, diante dos erros do governo Dilma Rousseff, apontar inconsistências nas propostas econômicas de outro.

Mas 2020 representa outro grande desafio para a esquerda. O fantasma de uma nova vitória da extrema-direita, como ocorreu em 2018, obrigará os partidos a tomarem decisões difíceis nos segundos turnos em que a disputa seja entre a extrema-direita e a centro-direita, por exemplo. Que justificativa quem em 2018 pediu o voto da direita moderada para Fernando Haddad contra Bolsonaro teria neste ano para negar apoio a um candidato conservador contra um apoiado pelo presidente?

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