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sábado 9 de novembro de 2019 às 11:08h

Comitiva baiana vai a campo conhecer unidade produtiva do Água Doce

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Transformar água salobra de poço em água da mais alta qualidade para o consumo humano já é uma realidade no semiárido baiano há mais de 15 anos, desde quando foi implantado o primeiro sistema de dessalinização do Programa Água Doce. Com mais de 290 sistemas implantados em todo território baiano, onde o acesso à água é escasso, e um investimento de cerca de R$ 70 milhões, o Governo da Bahia, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), inicia a formalização de um novo convênio junto ao Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), com a proposta de instalação de mais 400 dessalinizadores e recursos na ordem de R$ 170 milhões.

Com o objetivo de fortalecer o Núcleo Gestor do programa no Estado, a Coordenação do Programa Água Doce, lotada na Secretaria do Meio Ambiente, organizou uma comitiva formada por técnicos das secretarias e órgãos que compõem o Núcleo Estadual, e representantes de instituições parceiras, para realização de uma visita técnica a Unidades Produtivas do Água Doce no município de Santa Brígida, distante 448 quilômetros da capital baiana. A comitiva pôde conhecer in loco o ciclo de produção integrado e ambientalmente sustentável do sistema produtivo de dessalinização de água salobra nas comunidades de Ingazeira, Baixa do Mulungu e Quixabeira, semiárido baiano.

“Com a finalização de um convênio e já com a proposta de formalização de um novo projeto, sentimos a necessidade de reunir os diversos atores que participam da construção coletiva dessa tecnologia social que é o Água Doce. Aqui, com o olhar voltado para a realidade local, podemos perceber a transformação da realidade para as comunidades impactadas pelo programa. Na unidade de Baixa do Mulungu, por exemplo,eles estão cultivando horta com a água do concentrado, que, a princípio, não seria utilizada para nada”, afirmou Luciana Santa Rita, técnica da Sema e coordenadora do programa Água Doce na Bahia.

Unidade produtiva do Água Doce

Na comunidade de Baixa do Mulungu, a comitiva foi recepcionada pelo presidente da associação de moradores e operador do sistema, Manoel Silva, que explicou todo o processo para a operação da máquina e serviço de fornecimento da água para comunidade. “Aqui nós abastecemos 65 famílias, e não temos problema de faltar água. Durante três dias na semana o chafariz fica aberto e as pessoas podem pegar água a vontade. Eu só reclamo se deixar derramar, porque é um bem muito valioso”, falou Manoel. Também na unidade, a agricultora Maria da Glória cultiva uma pequena horta utilizando a água de rejeito do tanque de peixes para irrigação. “Aqui eu planto tomate, alface, coentro, pimentão, tudo irrigado com a água do tanque, que já vem adubada. Minha horta é totalmente orgânica, sem veneno”, afirmou.

Integrante da comitiva, o Consultor Técnico do MDR, Danillo Jonnes, explicou como funcionam as Unidades Demonstrativas (UD), ou Sistemas Produtivos, do programa. “Nas UDs, além da água potável, que é o objetivo principal do programa, o concentrado (efluente do processo de dessalinização) é destinado para a produção de peixes pelas comunidades beneficiadas. Por sua vez, a água de rejeito, enriquecida com as proteínas advindas dos restos de alimento e fezes dos peixes, pode ser destinada para irrigação da erva sal, que será utilizada como alimento de caprinos e ovinos, fechando assim um ciclo de produção ambientalmente sustentável” explicou Jonnes, acrescentando que o sistema integrado é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa Semiárido.

Dessalinizador

Novas tecnologias estão sendo propostas para o segundo convênio do programa, a exemplo da instalação de placas de energia solar em todos os 400 sistemas a serem construídos. Na primeira fase, 89 unidades contam com energia solar. Para ampliar o programa, com pesquisa e desenvolvimento tecnológico, a Sema está firmando um acordo de cooperação técnica com o Instituto Água Viva e o Instituto Federal Baiano (IF Baiano) campus de Santa Inês, região com perspectiva de ser contemplada pelo programa. “A nossa proposta é desenvolver novos pacotes tecnológicos junto com a Sema e o Instituto Água Viva a partir da implantação de uma unidade educacional do Água Doce no campus do IF Baiano.

Com este sistema experimental vamos estar aptos a oferecer capacitação para os operadores do sistema em nossa região, promover cursos voltados para a piscicultura, realizar ações de Educação Ambiental, desenvolver novas tecnologias para produção animal e uso da água de rejeito, enfim, diversas ações que envolvem pesquisa, desenvolvimento tecnológico e capacitação educacional”, explicou Aline Assis, professora do IF Baiano.

Para o Engenheiro Agrícola e coordenador de pesquisa do IF Baiano, Wezer Miranda, esta também é uma oportunidade para melhor qualificar os discentes do campus Santa Inês para a realidade da escassez de água no semiárido. “Estamos formando técnicos em Agropecuária e Zootecnia, profissionais que tem uma demanda grande e específica no que se refere à água, e que estão inseridos em um ambiente de semiárido ou Catinga. Então, nossos profissionais têm que sair da universidade dominando essas tecnologias que disponibilizam água doce para dessedentação animal e consumo humano, e esta é uma oportunidade ímpar de adquirir esse conhecimento”, afirmou o professor.

Participaram da comitiva técnicos das secretarias de Saúde (Sesab) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur), da Companhia de Engenharia Hídrica e Saneamento da Bahia (Cerb), Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (Car), professores do IF Baiano, discente de Mestrado da Universidade Federal da Bahia (Ufba), gestores municipais das cidades de Santa Brígida e Jeremoabo, além dos gestores da Sema e do Inema.

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