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sábado 23 de novembro de 2019 às 12:24h

Diretoria do Museu de Arte Moderna da Bahia critica a falta de autonomia e coloca cargo a disposição

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Segundo o Correio da Bahia, nove meses depois de assumir a diretoria do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), a historiadora Tereza Lino, conhecida na área cultural como Tereco Costa Lino, coloca o cargo à disposição.

Em uma carta divulgada nesta última sexta-feira (22), a gestora destaca o trabalho desenvolvido por ela no período, e critica a falta de autonomia da diretoria para seguir com a tarefa de reposicionar a instituição no cenário nacional da arte contemporânea.

“Diante dos últimos ruídos entre o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e a diretoria do MAM-BA, como a sobreposição e a imposição unilateral de pautas do Instituto às do Museu, gostaria de compartilhar algumas visões de minha gestão frente ao museu”, inicia. O relato pode ser lido na íntegra no fim desta matéria.

Dentre os feitos de sua gestão, ela destaca o recebimento de 120 mil visitantes através de exposições relevantes, como a de Vik Muniz, e a ocupação dos espaços expositivos e do calendário curatorial até o final de 2020, com exposições já marcadas ou em negociação, como Isaac Julien, Leda Catunda e Tunga, além das exposições comemorativas dos 60 anos do MAM.

Historiadora de formação, com mais de 30 anos de atuação no segmento de cultura, a baiana assumiu o comando do museu, um dos mais importantes do país, em março, em substituição ao artista visual Zivé Giúdice, exonerado no dia 28 de fevereiro.

O diretor Zivé Giúdice foi exonerado pelo diretor geral do IPAC João Carlos Oliveira, órgão que faz a gestão dos museus, desde que estes deixaram a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). Foi a segunda exoneração de Zivé Giúdice enquanto gestor do MAM em menos de três anos.

O CORREIO procurou o  Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), que ficou de enviar um posicionamento sobre o caso.

Confira carta na íntegra:

Prezados Senhores,

Diante dos últimos ruídos entre o IPAC e a diretoria do MAM-BA, como a sobreposição e a imposição unilateral de pautas do Instituto às do Museu, gostaria de compartilhar algumas visões de minha gestão frente ao museu.

De início, é importante ressaltar o que creio que devam ser os objetivos de um museu: ser uma instituição voltada à preservação e à difusão da arte, um espaço de diálogo, reflexão e formação pedagógica e, além disso, um catalisador e fomentador da cultura. Em se tratando do Museu de Arte Moderna da Bahia, é preciso destacar o seu valioso acervo, que conta com nomes importantes da história moderna e contemporânea da arte brasileira, além de colocar em seu devido lugar a relevância histórica de sua localização, originalmente datada do século XVI e revitalizada pelo olhar ambicioso e visionário de Lina Bo Bardi, arquiteta internacionalmente reconhecida, à ocasião da fundação do museu. 

Nessa direção, gostaria de destacar o trabalho por mim desenvolvido nestes últimos nove meses. Desde que assumi a diretoria do museu, trabalhei em diversas frentes para atingirmos os objetivos expostos acima. Os espaços expositivos e o calendário curatorial já estão ocupados até o final de 2020, com exposições já marcadas ou em negociação, como Isaac Julien, Leda Catunda e Tunga, além das exposições comemorativas dos 60 anos do MAM. O diálogo com as galerias, os artistas e o público foi estabelecido diariamente, a fim de elevarmos a qualidade de nossas ações. Juntamente a iniciativas privadas, que tanto nos procuraram quanto foram prospectadas por nossa gestão, conseguimos captar recursos que auxiliaram a manutenção de nossa estrutura e de nossas atividades. Gostaria de salientar que todos os eventos que foram realizados dentro do MAM-BA, além de seguirem rigorosos critérios institucionais (como, por exemplo, o respeito à nossa capacidade estrutural e a afinidade com os objetivos culturais e sociais do museu), trouxeram, como contra-partida, recursos financeiros que foram integralmente revertidos na estrutura do museu: câmera, rádios para segurança, chave digital para o acervo, computadores, impressoras, fogão e geladeira. O valor suplementar de tais iniciativas auxiliou de forma cabal o nosso enxuto orçamento.

Tendo exposto todos esses pontos, comunico que é difícil seguir com a gestão sem que haja autonomia à diretoria do MAM-BA. As pautas que porventura estejam ligadas ao museu e/ou ao uso de seu espaço deveriam passar pelo crivo e pela decisão daqueles que diretamente fazem a sua gestão para que se garantisse a condução das atividades do museu na direção dos objetivos estabelecidos. É inadmissível que a diretoria do MAM-BA fique apenas sabendo  das pautas e dos eventos a serem realizados em seu próprio espaço e marcados pelo IPAC através das mídias e das redes sociais, sem a ciência do museu. Quando não se tem autonomia e controle dos usos e das atividades do museu e/ou de seu espaço, torna-se inviável a manutenção da qualidade de nossos serviços à sociedade e à comunidade.  

Reforço que nossa gestão buscou recolocar o MAM-BA na rota cultural de Salvador e do Brasil, destacando sua importância histórica e sua constante atualização frente às demandas sociais e culturais que nos últimos tempos têm surgido. Os resultados, embora sejam frutos de pouco tempo de gestão, são nítidos: em nove meses, recebemos mais de 120 mil visitantes através de exposições relevantes, com a de Vik Muniz, que, em 2 meses, trouxe mais de 60 mil espectadores; a própria procura de iniciativas privadas também provou o quanto nossa movimentação atraiu olhares; e, o mais importante, conseguimos retomar o respeito e a relevância do museu na esfera cultural. 

Em respeito ao meu trabalho e à minha trajetória, bem como à cultura, à história, à memória e à ancestralidade da Bahia, coloco à disposição meu cargo de Diretora. Foram nove meses de muito trabalho e aprendizado, e sou testemunha da dedicação e do esforço de toda a equipe em manter um padrão de altíssima qualidade e excelência. Saio muito feliz por minha contribuição.

Meus sinceros cumprimentos,

Tereza Lino

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