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Vice-presidente Hamilton Mourão é recebido por Xi Jinping na China Imagem: Xinhua/Pang Xinglei
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quinta-feira 21 de janeiro de 2021 às 09:06h

Governo chinês pode usar leilão do 5G no Brasil como ‘moeda de troca’ para fornecer vacinas

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Enquanto diplomatas tentam reverter o imbróglio com a China para a liberação das vacinas, o empresariado brasileiro acredita que a situação deve ter reflexos em outras negociações entre os dois países, como a participação da empresa Huawei Technologies no leilão de tecnologia 5G, que deve acontecer neste ano.

“Não estamos dizendo que eles têm o melhor produto, estamos falando que se trata de uma economia de mercado e que espera-se que a China tenha o direito de participar”, disse o CEO do Lide China, José Ricardo dos Santos Luz Junior.

Segundo o UOL, a avaliação feita por empresários acostumados em uma rotina de negociação com os asiáticos é de que a China colocou o Brasil “de castigo”, ou no “canto do pensamento”, ao atrasar a entrega das vacinas. A ideia seria sensibilizar o governo brasileiro de que declarações extremistas e agressivas contra os chineses podem ter consequências graves para as duas economias.

A expectativa do empresariado brasileiro é que, assim como o presidente Jair Bolsonaro está tendo que ajustar o discurso em relação às vacinas, o mesmo terá que acontecer na postura do 5G.

Os principais críticos da tecnologia chinesa no governo costumam fazer acusações de espionagem, mesmo sem provas. Empresários salientam que a empresa chinesa já está no Brasil há mais de 20 anos e oferece as principais ferramentas para as operadoras de telecomunicação. Sendo assim, caso a chinesa fosse de fato excluída do leilão, haverá um período maior de adaptação da tecnologia 5G, que necessariamente aumentará o custo ofertado ao consumidor brasileiro.

Mourão como porta-voz

O CEO do Lide China afirmou que acredita que o vice-presidente, Hamilton Mourão, seria o porta-voz mais indicado tanto nas tratativas com a vacina, como com o 5G.

“Mourão tem o canal adequado, já que preside a Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação) e sempre tentou corrigir os ponteiros nas negociações. É um apaziguador”, disse Luz.

Mourão disse ao UOL, que sempre se colocou contra a posição antichina de Bolsonaro e da ala ideológica, disse apenas que até o momento as negociações “continuam a cargo do MRE”.

A postura de Mourão com declarações que contradizem o presidente costuma irritar Bolsonaro. Nesta quarta-feira (20), por exemplo, após ter sido alvo de reclamações na conduta da comunicação, o Ministério das Comunicações divulgou uma nota afirmando que “o governo Federal é o único interlocutor oficial com o governo chinês”.

Ministra Tereza Cristina

Se Bolsonaro não abriu ainda espaço para Mourão, as negociações contam com a participação da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e dos ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Fabio Faria (Comunicações).

Na nota divulgada nesta última quarta, o governo brasileiro informou que o Ministério das Relações Exteriores, por meio da embaixada do Brasil em Pequim, tem mantido negociações com o Governo da China e que outros ministros do Governo Federal têm conversado com o Embaixador Yang Wanming.

“No dia de hoje (20), foi realizada com o Embaixador, uma conferência telefônica com participação dos ministros da Saúde, da Agricultura e das Comunicações”, afirmou o governo.

Para o CEO do Lide China, Tereza Cristina tem um papel fundamental nas articulações já que a pauta comercial entre os dois países é basicamente de commodities. “Nós temos quatro pilares de exportação: minério de ferro, soja, petróleo e celulose, que possuem um peso muito grande. Tereza é habilidosa, fala mais do que escuta”, disse.

Um episódio lembrado por empresários para destacar a habilidade de Tereza Cristina é quando ela esteve na China em maio de 2019, reforçando que o momento era de construir pontes.

Na época, havia um desgaste muito grande com as declarações públicas do então ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ironizou o sotaque chinês usando quadrinhos da Turma da Mônica e acusava a China de esconder informações sobre o coronavírus.

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