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Justiça reconhece baiana de 93 anos como 1ª juíza negra do Brasil

quarta-feira 28 de novembro de 2018 às 12:01h

A primeira vez que uma mulher negra passou a atuar como juíza foi em 1962 com a posse da magistrada Mary de Aguiar Silva conforme o Acesse Política publicou no último mês. Nesta quarta-feira (28), cerca de 56 anos depois, ela recebeu a Medalha do Mérito Judiciário como forma de reconhecimento.

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Nesta quarta-feira (28) sendo homenageada pelo TJ-BA

De acordo com a Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), Mary, que hoje tem 93 anos, atuou como juíza de 1962 a 1995. Antes disso, ela foi também promotora de Justiça.

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A condecoração foi proposta pelos membros da Comissão de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (Cidis), por meio de seu Presidente, o Desembargador Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, e aprovada por unanimidade durante sessão judicante do Tribunal Pleno realizada no último dia 24 de outubro. Na época da aprovação, o presidente do TJ-BA, desembargador Gesivaldo Britto, afirmou que tentaram “usurpar” essa homenagem da primeira juíza negra.

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A magistrada Mary no centro da foto como única mulher e negra entre os homens em 1952

Por muitos anos, o reconhecimento informal foi dado à desembargadora Luislinda Valois. Uma reportagem da Folha de São Paulo de fevereiro de 2017 informa que a juíza Mary foi nomeada para o cargo em 1962. Já Luislinda foi a terceira juíza negra, nomeada para a magistratura em 1984.

Biografia

Nascida em 1925, em Salvador, Mary de Aguiar Silva é filha do motorista de táxi José Catarino de Aguiar Silva e da dona de casa Guiomar Brito de Aguiar Silva. Apesar das dificuldades financeiras, a família valorizava os estudos, e Mary se formou em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1952. Seus irmãos também conseguiram concluir a graduação na mesma universidade – um se tornou médico, e a outra, enfermeira. Em 1954, Mary começou a atuar como promotora. Passou pelas comarcas de Uauá, Tucano e Condeúba, todas no interior da Bahia, até se tornar juíza.

A carreira de juíza teve início em 1962 em Remanso, às margens do Rio São Francisco, a 716 km de Salvador. Em 1967, transferiu-se para Belmonte, no litoral sul do estado. Em 1978, seguiu para Salvador, onde atuou até se aposentar compulsoriamente em novembro de 1995, quando completou 70 anos.

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Atualmente aos 93 anos

Mary não tem filhos. Suas principais companhias eram a mãe, Guiomar, e a irmã, Vera. Depois da morte da mãe, também passou a contar com a companhia assídua da sobrinha Sheila Aguiar.

Em entrevista, a sobrinha Sheila disse que Mary encontrou dificuldades para exercer seu trabalho, nem tanto por ser negra – a Bahia tem a maior população negra do país –, mas muito por ser mulher em um espaço de poder predominantemente masculino. “Era uma época em que os coronéis comandavam a região”, afirmou a sobrinha. 

De toda forma, as dificuldades raciais e de gênero que Mary enfrentou não devem ser ignoradas. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) dos mais de 17.600 magistrados em atividade no Brasil em 2018, apenas 37% são mulheres. Juízes e juízas negros e pardos representavam, em 2013 apenas 15% dos magistrados brasileiros – apenas 1,4% do total se declarava preto e 14% se declaravam pardos.

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