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quinta-feira 22 de outubro de 2020 às 11:12h

Norte americanos chegam ao último debate presidencial sem eleitores indecisos

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A polarização da política americana fez com que as eleições chegassem à reta final com um novo fenômeno: praticamente sem eleitores indecisos. Embora ainda faltem 12 dias para o fechamento das urnas, e Donald Trump e Joe Biden ainda irão se enfrentar em um debate final na noite desta quinta-feira, o número de eleitores que não tem certeza de seu voto neste ponto da campanha é muito menor que a média das últimas eleições. Isso muda o cenário e obriga os candidatos a adotar novas estratégias.

— Este é um ano extraordinário em muitos aspectos. Existem apenas cerca de 3% de eleitores que estão indecisos e temos poucas evidências se vão realmente votar. Em 2016, neste mesmo ponto da eleição, os indecisos somavam de 7% a 9% — afirma John Zogby, fundador da Zogby Analytics.

Para os analistas, esse fenômeno está diretamente relacionado à forte polarização nos Estados Unidos. De acordo com o jornal O Globo, com um discurso forte e divisivo, Trump retirou as nuances da política americana. E como se trata de sua campanha à reeleição, a disputa de 2020 já teria tudo para ser um referendo sobre seus quatro anos na Casa Branca. Mas isso acabou ganhando um peso muito maior, a ponto de muitos dos eleitores de Biden sequer simpatizarem ou se interessarem por suas ideias do democrata: basta ele ser o “anti-Trump” para garantir apoio ao democrata.

Animação x convencimento

Com esta nova realidade, a luta não é para convencer mais pessoas para seu campo, mas sim animá-los a irem às urnas no meio de uma pandemia. E, novamente, segundo os especialistas, a polarização é um forte motor pois, temendo o adversário, mais pessoas estão votando de forma antecipada ou se mobilizando para ir às urnas no dia 3 de novembro.

As eleições legislativas de 2018 já tiveram uma participação recorde para escolha de deputados e senadores, indicando um efeito da polarização. E, segundo dados do “The Wall Street Journal” do último dia 20, a votação antecipada nos EUA indicava que a participação nas eleições deste ano pode ser 9 pontos percentuais acima do registrado em 2016, mesmo levando em conta que parte do voto antecipado é de pessoas com medo do novo coronavírus, mas que iriam às urnas no dia 3. Segundo as contas do “The Atlantic”, 150 milhões de pessoas devem votar nesta eleição, contra 139 milhões em 2016.

Mas quem são estes 3% de indecisos? Se no passado as pessoas tinham dificuldades em escolher entre dois “bons candidatos”, agora o problema é outro, segundo o analista republicano Brad Todd. Em sua opinião, o que ainda gera dúvidas é o ceticismo em relação aos políticos em geral e a desconfiança em relação às informações que veem sobre os candidatos nas redes sociais, no noticiário ou dos próprios candidatos:

— Eles veem os dois candidatos de maneira desfavorável — disse o pesquisador ao Boston Globe.

Nanicos mais fracos

A polarização também reduz outra margem das eleições: a votação em candidatos nanicos, de outros partidos. Isso reduz ainda mais a margem dos candidatos para atrair neste grupo, de última hora, eleitores para seu lado na disputa pela Casa Branca.

— O fato de haver um presidente na cédula de votação, provavelmente focou o eleitorado em fazer desta votação um referendo sobre Trump. E, assim, as opções de terceiros partidos estão ainda mais anônimas do que em 2016 — afirmou Kyle Kondik, editor do projeto eleitoral “Sabato’s Crystal Ball” do Centro de Política da Universidade da Virgínia.

Em 2016, Gary Johnson (Partido Libertário), Jill Stein (Verde), Darell Castle (Constitucionalista) e o independente Evan McMullin, juntos, receberam 6,881 milhões de votos, ou 4,94% do total. Isso é mais que o dobro da vantagem que Hillary Clinton teve sobre Trump no voto popular: 2,868 milhões de votos, ou 2,09% dos votos totais.

Uma pesquisa do Pew Reserach aponta que, entre os eleitores que votaram em nanicos há quatro anos, apenas 25% continuarão a apoiar candidaturas dos “terceiros partidos”, enquanto 49% deve votar por Biden e 26% por Trump. De fato, a última pesquisa nacional do “New York Times” coloca os nanicos, somados, com apenas 2% dos votos.

Assim, o debate da noite desta quinta-feira (22/10), que contará com a possibilidade dos microfones serem cortados para evitar as interrupções do primeiro encontro, não deve ter disputa de convencimento da melhor proposta ou visão de país. A mensagem dominante, dos dois lados será uma só: vote.

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