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quinta-feira 30 de janeiro de 2020 às 11:44h

Janeiro é marcado por racismo na cidade mais negra do mundo fora da África

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“Não há saídas individuais para vencer o racismo” diz Sílvio Humberto sobre denuncias de racismo em Salvador

Nem mesmo a cidade mais negra do mundo depois da África do Sul está imune de sofrer o peso do racismo e sua escravidão mental. O ano de 2020, já começa marcado por atos de racismo na capital baiana. Jeferson Campos, estudante de Letras, utilizou seu perfil no Instagram para denunciar que foi vítima de racismo e homofobia no Shopping Barra.

O estudante Duarte João de Nascimento Landa também usou suas redes socias para denunciar que foi vítima de racismo no último ensaio de Léo Santana no Baile da Santinha. “Um amigo meu entrou com uma tesourinha na bag, e eu estava segurando eventualmente e fui para o banheiro quando fui abordado por dois policiais civis, aparentemente buscando por drogas, e eu preto com a barba descolorida e muito chamativa fui a bola da vez, e na abordagem eles perguntaram se eu tinha drogas sob minha posse e eu cordialmente disse que não, abri a bag e a minha pochete que não havia necessidade, mas fui o mais prestativo diante do equívoco deles e não encontraram nada, e um dos policiais aumentava o tom de voz de forma agressiva, quando em seguida o outro pediu meus documentos, eu mostrei, mas ele abriu minha carteira pessoal que eles não têm autoridade para revistar, e o policial que aparentava estar alterado e aumentando tom de voz incessantemente tomou a carteira de mim, tirou o meu dinheiro”, explicou. Em seguida, disse que o valor não era o mais importante da situação. “E eu falei que o dinheiro não, ele perguntou se eu queria ser removido do show, eu falei que preferia a remoção, mas ele usou do abuso de poder para, em um tom agressivo, me mandar sair caso ele ficaria com o dinheiro e eu seria removido do mesmo jeito. Infelizmente [ao] invés de prestar a segurança e atenção devida, que é para isso que eles são pagos, a polícia é corrupta e racista. Mas eles ainda vão se incomodar muito, pois vai ter preto em tudo”, finalizou o estudante em post na rede social.

“Bucha um e bucha dois” essa foi a expressão usada por um segurança da CCR Metrô Bahia para falar das irmãs gêmeas que estavam acompanhadas de sua mãe, Sandra Weydee, de 37 anos. Sandra e as meninas voltavam para casa depois de um passeio, por volta das 18h30. Quando passaram pelas catracas da estação Rodoviária, avistaram três seguranças, um branco e dois negros. O homem branco, ao avistar as garotas, gritou: “Misericórdia. Bucha um e bucha dois”. Em seguida, começou a dar risada.

Sandra além de relatar nas redes sociais , registrou na tarde de terça-feira (28), na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca) a ofensa sofrida por suas filhas.

O vereador Sílvio Humberto (PSB) comentou sobre os casos.”O racismo não vale com a questão do espaço, momento ou circunstância. O racismo não tira férias, pois o tempo e espaço para ele não existe e as estatísticas estão aí aumentando. Um dos elementos que podem fazer sobretudo nos espaço de consumo, é não comprar nesses locais. Não vamos fortalecer os negócios e espaços que não valorizam a diversidade que nós somos”, apontou. Sobre o repúdio, o edil é enfático. ” Não podemos nos calar diante dessas situações, pois somente através da denúncia e da ação da justiça que podemos minimizar e ou combater esse crime. Não há saídas individuais para vencer o racismo. Seguimos em luta por ações coletivas e de combate”, finalizou.

De acordo a última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 79% da população de Salvador, se autodeclara negra.

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